Tínhamos apenas 20 anos e éramos namorados, quando fomos de férias a primeira vez para a Costa Vicentina. Nessa altura ficou decidido, um dia seria nesta zona que teríamos a nossa “casa de férias” e foi assim que encontrámos o Monte da Charnequinha Velha.
Dois jovens, Helena e Nuno, cheios de sonhos e de mochila ás costas, foi assim que chegámos á costa alentejana no Verão de 1999.
Desde logo nos apaixonámos pelas maravilhosas praias de águas transparentes, paisagens campestres a perder de vista, a cultura e sotaques que tão bem nos receberam e uma gastronomia de eleição que davam a sensação de querermos ficar ali para sempre!
Passaram 2 anos e em 2001, eu e o Nuno casámos!
A paixão pelo Alentejo manteve-se e decidimos que queríamos um refúgio onde pudéssemos ter momentos de paz e lazer, em contato com a natureza, para a família que estávamos a construir.
E a aventura começou, como encontrar um monte no Alentejo?
Depois de muitos Kms percorridos, sim porque somos de Caldas da Rainha, vimos muitas casas de todo o género, com terrenos grandes, terrenos pequenos, próximo demais das vilas, longe demais das povoações. Até que lá chegou o dia em que nos falaram de um monte perto do Cercal do Alentejo, ao pé da Barragem de Campilhas.
Foi amor á primeira vista :) A casa estava a precisar de obras, não tinha pátio, muito menos piscina, mas transmitia uma paz impressionante e aquela paisagem...era aquilo. Longe de tudo... mas perto das melhores praias!Localização do Monte da Charnequinha Velha
E assim demos início a um projeto de vida, que rapidamente se veio a revelar bastante mais difícil do que esperávamos. Existem coisas na nossa vida que muitas vezes damos como um dado adquirido e que nem temos noção do seu real valor, foi o que nos aconteceu.
Monte em obras!
Quando adquirimos o Monte da Charnequinha Velha, tínhamos noção de que a casa iria precisar de obras, mas ainda hoje penso que não tínhamos noção do que isso implicava.
O que tivemos que fazer?
- Substituímos o chão.
- Canalização nova em pvc.
- Levou um telhado todo novo.
- Madeiras interiores todas novas, portas, armários e alguma mobília.
- Abrimos uma porta ao fundo do corredor e eliminámos uma curva por outro quarto.
- Novas portas e janelas exteriores na casa toda, as antigas eram em madeira e quase nem fechavam.
A parte mais difícil foi realmente aquela que nem nos ocorreu na altura da compra… fornecimento de água e luz!
Sabem que nem em todos os locais é possível a ligação á rede de água da rede pública e que para colocar energia elétrica a ligação ao PT mais próximo tem que ser paga pelo requerente e custa uma fortuna? Fica a dica ;).
Finalmente uma solução…
Estar perto das melhores praias da Costa Vicentina era realmente fantástico, mas não ter energia elétrica nem água canalizada estava a revelar-se um verdadeiro problema. Em conversa com os vizinhos, lá acabámos por encontrar soluções ( energia solar e gerador para a eletricidade e sistema de filtragem para a água do furo). Estas soluções permitiram-nos usufruir do espaço durante vários anos, ao longo dos quais fomos tentando fazer melhorias.
Foram muitos fins de semana com amigos, férias em família que entretanto foi crescendo, momentos para recordar.
De refúgio a casa de férias na Costa Vicentina!
Quando estávamos no Monte da Charnequinha Velha, conseguíamos desligar de tudo, quase parecia que mudávamos de país.
Passaram 12 anos, com os miúdos mais crescidos e com atividades, ir aos fins de semana ao Alentejo passou a ser menos frequente.
Toda uma conjuntura fez com que deixássemos de ir ao Alentejo com tanta frequência. Passámos a trabalhar ao fim de semana e as crianças tinham atividades com competições que não queriam faltar. O monte passou para segundo plano durante uns 4 ou 5 anos.
Fomos emprestando a casa a familiares e amigos que nos diziam sempre adorar o espaço e a aquela zona da costa alentejana, o que nos deixava de coração cheio.
A decisão
As baterias que alimentavam a energia da casa entretanto ultrapassaram o seu tempo útil de vida e novamente teríamos que investir numa solução. Ora até aí a opção da energia solar tinha resolvido, mas não era a melhor alternativa pois limitava o consumo a que estamos habituados. Era impensável ter um micro-ondas por exemplo, ou ligar um secador do cabelo, o que por vezes era desconfortável. As despesas com a manutenção da casa também pesavam no orçamento familiar e chegámos a ponderar vender.
Mas só de pensar nisso ficávamos tristes, os miúdos não queriam desfazer-se do nosso refúgio.
Alojamento Local
Decidimos então tentar criar um projeto em que a casa se torna-se autossustentável de forma a conseguir-mos mantê-la e encontrámos no alojamento local a solução.
Depois de definirmos os nossos objetivos pedimos financiamento e colocámos mãos á obra, literalmente! Parte dos trabalhos foram feitos também por nós e pelo nosso grande e incansável amigo Norberto.
Só o processo de ligação á EDP levou cerca de 2 anos, entre pedidos e burocracias. Depois foi construir o telheiro, para ficarmos com o pátio coberto com churrasqueira, piscina vedada com deck. Sempre disse que se um dia tivesse piscina teria que ser vedada, a segurança nas férias em família para mim é essencial. Colocámos também uma zona relvada a pensar nos mais pequenos e nos nossos animais de estimação, afinal também fazem parte da família.
No interior apostámos numa nova decoração e no conforto. Substituímos louças das casas de banho, colocamos bancadas em madeira, nova pintura e aquecimento para os dias mais frios (que não são muitos e ainda bem).
Em Julho de 2018 tirámos uma semana e fomos uma semana para o Monte da Charnequinha Velha. Não havia meio de as obras terminarem. Decidimos ir-mos nós ajudar a acabar o que faltava! Trabalhámos dia e noite e acabámos a semana de rastos mas com a sensação de dever cumprido.
O Monte da Charnequinha estava pronto!
Em Agosto desse ano recebemos os nossos primeiros hóspedes!
Daí para a frente tem sido uma aventura incrível !